sexta-feira, junho 17, 2016

Silva

Um dos meus filmes preferidos chama-se "Alta Fidelidade", ver aqui.

Numa das suas muitas cenas, quase de antologia, os empregados da Champioship Vinyl lançam uma discussão: de que temas seria composto o top 5 de músicas sobre a morte, idealmente a passar no próprio funeral?

Não é que pense nisso. Nem me faz muito sentido. Não me interessa o efeito que a música tem noutros, mas sim em mim. Estando morto, não oiço. Abro excepção para quem entende que quem presta a última homenagem deve estar rodeado de algo sonoro para além das vozes dos demais.

Ao recordar a cena, nem sei bem porquê, fui levado a pensar noutro aspecto que mistura a música com a mortalidade. Que música passava quando soube que algum ente querido tinha "partido"?

Lamentavelmente, só me lembro de uma. Ouvia-a quando soube que o meu avô não tinha resistido. Paradoxo de merda: é uma bela música. Tem um verso filho de puta: "Pode ser belo o feio visto de perto". Ainda diz: "O avesso às vezes pode dar certo".

Já tive a minha quota parte de perdas. E num período muito curto.

O pior é não me lembrar. Sinto que mandei qualquer coisa para o subconsciente só com bilhete de ida.

Assustam-me os traumas.