terça-feira, maio 31, 2016

Para ajudar a perceber o infra exposto

A composição

Um casal que solicita os meus serviços profissionais ofereceu-me uma pequena banheira.

Uma banheira onde poderei lavar a criança que ai vem.

De onde veio, ou como veio, não sei. O casal é de confiança e ofereceu, de forma efusiva, aquela composição de plástico. Aceitei-a e, para quebrar protocolos, dei dois beijinhos na cara à senhora.

Entretanto, ouvi Lou Reed e, por alguma razão, fui projectado para uma visão de pobreza, miséria e dificuldades financeiras no geral.

A música era o "Perfect Day".

A visão era qualquer coisa como uma foto dos anos 80, em que estava vestido de ganga e tinha um infante ranhoso ao colo. Devia estar a regressar de uma feira.

A questão é que sempre associei as crianças a miséria financeira. Há algo de pobre nos casais que vejo com crianças pequenas.

Até quem eu sei que é abonado me parece um mendigo quando segura um pequeno ao colo.

(Nota pessoal: para não variar, o texto está escrito com a mestria de um repetente do quarto ano. É tentar dar um ar alucinado e parecer só estúpido.)

terça-feira, maio 17, 2016

Verde

Acabou a época futebolística regular, tendo o Sport Lisboa e Benfica acabado em primeiro lugar.

Para expiar os meus pecados, quero deixar aqui, sobretudo para minha memória futura, algumas considerações e conclusões.

a) O futebol jogado foi bom/excelente. Contudo, tal verdade serve, maioritariamente, para consumo interno. À sua imagem, Jesus não tem grande futebol lá fora, à exceção do jogo com o Lokomotiv.

b) O apoio dos adeptos foi excepcional (excluindo o meu, desconfiado por natureza).

Isto foram os pontos positivos.

c) Ganhámos uma Supertaça. Mais. Nada. Nadinha. Ponta. De. Corno.

d) O Presidente, o Director Desportivo e o Treinador deviam cortar a língua. Arrogantes, errados, mal-informados, burros (porque não?)

e) O Sporting foi factor de união do Benfica. Como li: ressuscitámos um morto.

Ora,

Continuamos no caminho. Todos os anos temos subido um bocado. Este ano, a qualidade exibicional foi altíssima. Claro, há que dar continuidade.

Agora, e é este o meu problema:

Ninguém, absolutamente ninguém, na estrutura do Sporting está a aprender com os erros.

Jesus não perde a postura arrogante. Devia. A glória é para quem vence. Para quem perde é só desprezível.

O Presidente NÃO. SE. CALA.

O Octávio não desaparece.

E eu estou farto.


Tive várias conversas com quem pensa de forma diferente da minha.

Para todos, relembro: mais um ano, mais nada.

terça-feira, maio 10, 2016

Las cosas pequeñas

Por ocasião do lançamento do novo trabalho dos Radiohead, uma das minhas agremiações musicais preferidas, muitos "críticos" vieram dizer aquilo que, para mim, é a frase mais batida de sempre do panorama crítico-musical: "É o melhor disco desde o (inserir qualquer trabalho anterior, de preferência, preferido por hipsters)."

O pior nem é ser batido, é ser mesmo estúpido, pedante e desinformado. Não neste caso, mas em todos.

A produção musical de uma banda não é uma linha recta de coerência. Há oscilações no estilo, nos membros, nas influências, nas intenções, em tanta, mas tanta coisa.

Cada álbum de uma banda não serve de "benchmark". Marcou um tempo. Foi mais vendido? Foi menos? Gostei mais?

Nada mais irrelevante. Em cada ouvido está um gosto e, segundo aquilo que penso (que reconheço ser pouco e mau), crítica não é comparar o incomparável.

Descendo ao concreto: li que o "Moon shaped pool" é o melhor álbum desde o "Kid A".

Isto irritou-me ao ponto de ter vindo aqui escrever.

É falso. Se o crítico dissesse que prefere x a y, tudo bem. Agora, basear uma crónica numa afirmação que só espelha o gosto pessoal é só ser pequeno e preguiçoso.

A crítica não pode ser uma expressão de opinião. Tem de ser objectiva, conter alguma coisa de concreto que possa servir para pensar.

Dizer que se prefere uma laranja a uma maçã é não ter mais de 6 anos e dizer que gosta mais do pai.

Amiúde acontece o mesmo na crítica cinematográfica. Menos, mas acontece. 

Isto só para dizer uma coisa: se assumirmos que a música é uma arte, não há arte melhor ou pior. Podemos gostar mais de uma que de outra, mas ser pago para escrever algo sobre ela exige mais.

Exemplo: sim, eu gosto de muito do trabalho da Joana Vasconcelos. Chamem-me urso à vontade. Vou dizer que o Candeeiro gigante é pior que o naperon?

Tanta coisa para isto? Pois. Já não usava o espaço há uns tempos.

domingo, maio 01, 2016

O bater de um coração.

O bater do coração de qualquer coisa que não mede 4 centímetros.

O movimento.

O movimento de qualquer entidade que não mede 4 centímetros.